O
sonho da cárie dos teus sonhos
Procura
uma folha cipreste
Para
pousar a modorra do mundo
Balda:
só encontra o que lhe encontra
O
estrondo da primeira árvore liberta
O
incêndio idílico da pangeia da matéria
Rumo
à verticalidade da fome do fogo
Terceiros
Anseios
De
absolutamente tudo
Florescem
a ciência da morte
Para
os olhos de girassóis negros
Voltarem-se
às trevas do nada
Piscam
Rápido
Reproduzem
o som dos primeiros galhos
Buscam
provar estarem vivos
Se
dobram à realidade
Partem
O
parto
Jazem
sobre a forquilha do ventre materno
Nas
raízes umbilicais a seiva se esparsa
Definitivamente
rompidos
Os
canais afluentes libertam o cheiro do isolamento
A
ignorância da vida é uma semente
Oca
Um
dente de leite
Podre
Uma
árvore partida sussurrou
Pela
dor na ponta das folhas
Palavras
que abalariam o sedimento do mundo
Mas
ela estava sozinha na floresta
Se
nada disse
Ou
disse tudo
Só
o tronco mudo do sonho morto
Falará
02.04.2016
Tiago André Vargas
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Montevideo, janeiro de 2016, foto da Andressa. |