sábado, 31 de agosto de 2019

Espalha





*



Teus cabelos cheios de estrelas
O confete e o nada que ficou
De um carnaval do universo

Para nascer um mundo em novembro
Nós dois
Já somos tão habitáveis
Como um abraço no chuveiro em um dia
Frio

Ainda não sabemos como as coisas nascem
Mas temos inferências de como as coisas morrem
E nessa grande escuridão que é existir
Nosso toque
Se amplifica

“Você pode me pentear?”

Eu coloco as estrelas com cuidado sobre a cama
Você sorri e
Espalha


31.08.2019
Tiago André Vargas

domingo, 11 de agosto de 2019

jar.dim



*




Estávamos em um jardim
Onde a separação das flores era feita com
Inopinados fios elétricos
E você me explicava o motivo daquilo com
Olhos de rocio tão esclarecidos do que era
O amor
Com a elegante soberba do entendimento do mundo
As flores
Você dizia
Que não crescem da forma esperada
Devem ser abaladas com uma grande corrente elétrica
O que era uma espécie de antítese do amor
Que você tão bem sabia
Só crescer de uma forma não esperada
Na eletricidade amena
De uma cama morna
Na manhã de um domingo ruidoso
Enquanto eu espreito teu espreguiço na janela
Em busca de algum sol
Como todos nós

Eu achei estranha essa prática da horticultura
Mas por não saber o que era o amor
Eu sempre acreditei em você

11.08.2019 
Tiago André Vargas

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