sexta-feira, 13 de março de 2015

Anisostêmone




Vou para a sala de parto
Na janela do meu quarto
Acendo a mudez da cigarra
Com o cigarro
Que se cala de maneira razoável
No estrondo do botão da flor que eu não posso te dar

Passa um ônibus vazio
Eu estou dentro dele
Com dois estranhos peixes
Que poderiam ser um signo melhor
Se nadassem no amor de seus ventres
Do umbigo ao ouvido da flor à semente

Uma viagem que é feita de chinelo
Sem dedo sem medo sem tempo sem gelo o segredo dois trizes





Tiago André Vargas

13.03.2015





Foto de Jessica Ottowell

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