Não
quero fazer resenha. Reescrevo o trecho, deste belo livro, que mais me tocou:
“Que
rédeas tem em suas mãos a Natureza Soberana,
Por
que leis ela preserva,
Em
sua sabedoria, a imensidão do mundo
E
retém cada coisa por seus liames
Indestrutíveis:
Eis o que decidi te mostrar
Num
claro canto e com minhas tênues cordas.
Os
leões cartagineses podem sempre estar presos
Por
exuberantes correntes, comer diariamente
Das
mãos do homem e temer, pelo hábito,
Receber
seus golpes, ameaças de seu mestre;
Mas
se o sangue vem tingir sua temível goela
Eles,
antes tão passivos, retomam seu caráter
E
em brados sonoros reencontram sua natureza.
Libertando-se
e rompendo suas cadeias,
A
primeira vítima de suas presas sanguinárias
E
de seus arroubos furiosos será o próprio domador.
O
pássaro que saltitava entre os galhos
No
alto da árvore é pego numa gaiola;
Mesmo
se bebidas adocicadas com mel
E
farto alimento lhe são oferecidos
Pela
mão amigável e traiçoeira do homem,
Ele
vem saltitando em sua gaiola
E,
ao ver a sombra deliciosa das árvores,
Dispersa
com suas patas o alimento
E
não cessa de chorar desejando os bosques
E
de cantá-los com sua doce voz.
O
caniço, submetido a uma forte pressão,
Curva
até o solo a extremidade de sua ponta;
Mas
se o braço que o curva faz menos força
Sua
ponta leva-o diretamente para o céu.
Febo
diariamente desaparece nas águas da Hespérida
Mas,
por um secreto caminho, reconduz seu carro
Ao
habitual ponto de partida.
Todas
as coisas procuram buscar suas origens
E,
ao reencontrá-las, contentam-se;
Elas
não suportam um percurso durável
Senão
aquele que liga o fim à origem
No
processo de um ciclo inquebrantável.”