Neurastênico
eu seu único filho vingado no junco
Transcrevendo
com langor a história dos maias
Movendo
as páginas da enciclopédia do absurdo
Sua
irmã sorrindo no banco de trás uma dor abstrata
Eu tiro
uma cópia para você talvez ainda meu anjo
Meus
tentáculos olhando para o chão a triste limpeza não reconhecem
O
grampo caindo do cabelo de Hebe é sujo e levita no antro
As encostas
rochosas do teu umbigo pesadelos amarelos estabelecem
Sempre
As forças
angulosas dos teus dentes apontavam o fim do arrebol
Minha
inocência invertia para dentro um farol
Impedindo
o naufrágio do prazer na confusão induzida e ausente
Põem
para fora a cheia noite eu quero pô-la na boca para despencá-la em curvas dores
animais
Ainda é
dia eu digo depois da meia noite a não noite ainda é dia eu digo e as estrelas
não se tocam jamais
Tiago André Vargas
13/08/2016
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Les Seins aux fleurs rouges - Paul Gauguin |