Sente
só.
Sinta
só.
(EU
JÁ ESCREVI ISSO?)
Ela
só respondia não.
Não.
Acordando
sem o coração no terraço de um prédio em construção.
Um
aglomerado obrando, partidas dúzias quebrando, rezando, luzes entrando nos meus
cabelos sem cor.
O
tempo não precisa de um martelo para fazer doer.
É
só uma questão de.
Mas
essa noite é longa amor, você não pode impedir que te chamem de amor, mesmo sem
amor, amor, é tão bom dizer amor que se inventa amor, se distrai amor, se
escreve amor, poesias amor, músicas amor, caralho do tesão é o amor, puta língua
de fogo se esfregando na alma falar amor. Tanto se fala que ele aparece, às
duas da tarde no sábado interrompendo a faxina e arrancando as cortinas.
Luzes
entrando na minha cabeça.
Prazer,
amor.
E
você acorda sem o coração no terraço de um prédio em construção.
Você
vai saber meu nome.
Quando
subir o letreiro.
Quando
fugir com o leiteiro.
Sabe, não era bem isso também.
No
quinquagésimo aniversário que NUNCA viria.
Ele
veio.
Faça
um cozido com o meu peito.
Todas
essas luzes.
Apaguem
essas luzes.
Meu
nome não importa.
Mas
você vai saber meu nome.
Prazer.
Amor.
Dor.
Prazer
Amor Dor.
Três
nomes.
Já
matei algumas pessoas e agora é a sua vez.
Me
chame como quiser.
Evitar?
Como
assim amor?
Que
gotejante dor essa meândrica com prazer em baldes quentes?
O
contrário?
Dorme
amor.
Em
sonho você vai balbuciar meu nome.
Algum
nome.
Você
já sabe meu nome.
Tiago André Vargas
12.06.2013
Imagem de Billie.
Sabe, um dia me peguei pensando sobre o ato de escrever, sobre o que faz nos tornar escritores. Ao ler teu texto, que tenho de dizer, coisa mais encantadora que eu li nestes últimos dias, eu refleti novamente sobre isso. Não sei e também não posso vir aqui afirmar que teu texto é algo "autobiográfico", longe disto, mas eu passei a refletir sobre a dor impressa nele. E pensando nisso, nesta minha primeira impressão (que continua após ler 5 vezes), vou deixar aqui um pequeno trecho que eu escrevi após minha reflexão do que é ser escritor. Abraços!
ResponderExcluir"A alma de um escritor não tem fim. Apenas começo e meio. Na trama de uma prosa ou melodia de uma poesia, as linhas exalam um tom profético, outrora apenas desejos que martelam incessantemente nos pensamentos de quem já foi criança, isenta de malícia e qualquer forma de maldade. Penso simplesmente, que se eu não escrever, eu vou enlouquecer. Terei olhos dançantes de mulher louca. Ao privar o homem de seu vício, dá a ele os primeiros lapsos de embriaguez tresloucada, causada pela abstinência daquilo que mais ama. No primeiro momento em que sentir-se livre de sua privação, trancar-se-á no universo que tanto ama. Como disse um amigo meu, escrever, além de prazer e vício, “também é dor e sofrimento”.
E pegando um reflexão de uma leitura de Vargas Llosa: escrevo porque sinto saudade…
Ana Idris