domingo, 6 de abril de 2014

Sal na idade



Eu te roubei o título, você minha paz.
Saudade. Sal na idade. Tenha viço ao te provar e quem não devorar que tampouco venha lamber.
Partidário alpinista otimista opiniático: você não deveria estar aqui.
Mas tudo bem, so do i. No inglês encaixa melhor que eu também. Assemelha verossimilhança com só dói. Acabaram os cigarros. Sempre achei piegas a palavra piegas bem como escrever em inglês, disfarço minha culpa e peço desculpas à língua portuguesa que tão bem abraça e expurga meus anseios e desalentos no seio desta página inexistente, para tanto imponho um itálico paralítico na palavra do tio são, não obstante, também acho desnecessário escrever sobre cigarros, é redundância pura, fumar-escrever, redundância puta que amputa o vocábulo da tristeza.
Por isso, homem feliz, você não deveria estar aqui.
Cientistas céticos, enólogos artistas: mais perto.
Se a dor que te aflige é a solidão ofereço-te uma cadeira. Outras tristezas que sentem no chão na bem intencionada preparação de rigidez que a vida à bunda aconselha, impõem. Um legítimo cicerone carregando seu Cícero pela vida. Não é bonito isso? Se for, é.
Mais belo do que isso é o amor da sua vida na novelística trama da conveniência aberta vinte e quatro horas emergir como vizinha. Cuidado com a solidão, essa exímia roteirista. Colega da creche, da escola, da universidade para os menos afortunados. Cuidado. A teledramaturgia sempre justíssima com a meritocracia do amor não vai esquecer de você, basta não esquecer da oferenda à conveniência via de regra adornada pelo amar por pena na ode simbiótica da falha luta contra a miséria da singular existência. O falo e o farelo olham juntos escorados na janela a cidade escarnecer todos os argumentos que anoitecem o sentimento, pois eles são pragmáticos ao confutar o amor adjacente, alegando que é a carência comodista que cria o que se sente. Just 'cause you feel it Doesn't mean it's there. O falo, atrevido e sabido sempre olhando para cima ainda argumenta com rude sapiência que são tantas galáxias, são tantos planetas, que seria altaneiramente presunçoso crer-se agraciado com um amor intergaláctico na felizarda geografia do amor à vizinha, ou ainda o amor de berçário desinformado da mística paz salina que carrega o tempo sobre a idade três luas depois de sentir saudade do inventado.
Queria para caralho mais um cigarro, escrevi outra vez cigarro, o mesmo fiz com palavras inglesas, sou piegas e é rejuvenescedor como banho de mangueira derrubar alguns conceitos, todavia não é toda via que vai me levar para este almejado lugar algum onde pousa o sentimento ansiado antes da falta, impassível à maleabilidade que com tanta habilidade adaptamos o fadário a um roteiro esquematizado sobre nós mesmos. Quem mais seria? Prós e Contras é uma dupla de mau gosto que a dúvida não deixou se quer cantar uma música.
Precisamos escolher nosso nome (mire o cavaleiro da triste figura) e inventar nosso amor.
E como um planeta, dei toda esta volta por ser preciso.
Precisamos escolher nosso nome. Inventar nosso amor antes de conhecê-lo e depois refutá-lo com ares de cientista bêbado, ou ainda artista cético.
O meu está em uma das luas galileanas que dançam com Júpiter, único capaz de suportar este amor.
Uma lua com sal.
Lua com sal que eu, alguns cientistas e T. Yorke acreditamos ter vida.
Uma lua com sal.
Um sal de idade.
Sal na idade.
Até fazer saudade, de um amor terreno sem espaço tempo que mesmo sem o veredicto dos dedos não há legião ou solidão que me façam desacreditar estar aqui.


Tiago André Vargas

30.03.2014

Imagem de James Knowles

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