Quando
o dia se mostra cinza
E os
besouros negros copulam sem fazer barulho
É que
eu me lembro melhor de você
Como
agora
A
aurora do passado é uma tatuagem no baixo-ventre
Na
escuridão dos pelos púbicos, um estetoscópio nostálgico adentra
Inspira
(já fui a segunda criança no balanço mais alto)
Expira
(o rosto da madrasta em silêncio, o sotaque da novela de época conversando com
demônios que respondiam no corredor)
As agulhas
nunca encontraram minhas veias
Tampouco
você
O besouro
goza na armadura da memória
Voa
mais leve, mais rápido, explode em um vidro qualquer
Eu
escuto o barulho e olho pela janela
O dia
está cinza. É você?
Tiago André Vargas
14.07.2016
Acervo pessoal. |
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