quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A faculdade de ser mau




Eu assalto teus castelos, te sufoco com um travesseiro enquanto dormes e escrevo alguma mensagem profana na tua parede. Invasão. Contrário de autorização, contrário de permissão. Contrário da conjugação, quebra das regras e subversão. Mate a todos e crave uma bandeira nessa terra. Quem gosta da luta? Aquele que pode lutar. Quem pode lutar? Aquele que espera vencer. Quem espera vencer? Aquele que possui um motivo? O motivo! Qual é o motivo? Não importa o motivo. O motivo é o próprio motivo e a vitória justifica a intenção, ganhe-se e é isso, sem variável. Vitória ou derrota, viver ou morrer.

No jogo da conquista sufoca-se a filosofia, pois refletir é abrir espaço para a dúvida e a dúvida demonstra fraqueza.

Se pensarmos essencialmente em qualquer questão a respeito da competitividade, na sua origem mais primordial, é quase inevitável não perguntarmos depois “por que?”. O ser humano... Que mundo mais enfadonho teríamos se não fosse pelo ser humano e sua indiferença! Se fossemos providos de uma verdadeira empatia, agiríamos tão instintivamente quanto animais e isso faria o mundo ser algo próximo de um paraíso. Não parece péssimo? Mate a todos e cravem suas bandeiras, pois ser racional é a faculdade de ser mau.



Autoria de Tiago André Vargas.




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