Cortei minha carne e saí do meu casulo
Estava a tanto tempo preso, morto, enclausurado em meu sepulcro
Separada de mim agora está a pelagem de chumbo
Sinto correr nas veias o sangue, sinto com peculiaridade o incumbo
O verde embriaga meus olhos, a beleza me trás dor
Minhas unhas são facas que raspam o bolor
Respiro. Respiro tão forte que minha face muda de cor
Enterro-me por completo e de olhos abertos assisto me recompor
Bela natureza você me revigora
Acredito que talvez em tempos de outrora
Fui largo e esplêndido como a aurora
Percorrendo teus vastos campos enquanto você me namora
Bela natureza você me fascina
Doce infância com cheiro de tangerina
Flor solitária que reside na parede da esquina
Em você tudo nasce, em você tudo termina
Minha garganta de tronco podre já não pode falar
Minhas pernas de bambu não querem caminhar
Minhas raízes neste lugar eu quero fincar
E quieto de olhos abertos, o
verde contemplar
Autoria de Tiago André Vargas
Postado em 29.11.2010
Escrito não se sabe quando
Fascinante esse texto!
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