quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O moinho que lavou com vento meu moído sentimento

O lençol enrolava parcialmente meu corpo
Em devaneio com você sonhava
Acordei com o toque do teu gosto
Amarga certeza que já não me amava

Virei para o lado, voltei para o sonho, volvi para ti

Sonhos reais em mundos claustrofóbicos
Impedido de controle ou ação desventurada
Na terra dos que dormem tudo é mórbido
Fantasias quebradas em pálpebras fechadas

Em delírio eras bela, uniforme, congruente
Corria-me por pastos altos em noites claras
Apontando no céu toda falsa estrela cadente
Iluminando quimeras pálidas que não podem ser amadas

Quem saberá o tamanho de minha frustração?
Quando em sonho percebi minha mentira
Quando em sonho derramei minha razão
Quando em sonho percebi que não a tinha

Não foste capaz de enganar a ti próprio
Nem mesmo enquanto dormias!
Pretende agora viver em equinócio
Fazer castelos com lascas de argila

O lençol enrolava parcialmente meu corpo
Em devaneio com você sonhava
Acordei com o toque do teu gosto
Amarga certeza que já não me amava

Virei para o lado, virei para o outro, despertei

Deitado sobre a grama de braços cruzados sobre a nuca
De peito inflamado pelas dores famigeradas da saudade reclusa
De alma lavada por eternamente perder a penúltima luta
De olho atento ao ver a pá de vento girando em torno do que nada muda

Autoria de Tiago André Vargas
Foto encontrada aqui.

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