domingo, 25 de dezembro de 2011

Caminhando sozinho

Não importa quantos pés tocam o solo
Nem o tamanho da corrente humana
Seguimos em decoro o protocolo
Aparente envolto de quem se ama

Mas estamos sozinhos na chuva
Abraçados a quem te engana
Deitados sobre quem te chupa
Mortos por quem não sangra

Um pé depois do outro
Notável dia cor pedra
Teu beijo meu logro
Nada será como era

No fim caminho sozinho
Por ser a única forma de avançar
Somente parado recebo carinho
Falsa recompensa por não mais andar

Caminhando sozinho na retidão do sol e da lua
Correndo em passos lentos atrás de um amigo
Pela estrada imunda cheia de curvas
Repreendendo vômito para tocar o inatingível

Às vezes mudo a direção
Perco-me de propósito
Avanço duas ou três estações
Retorno ao caminho insólito

Depois da curva existe um bueiro
Ou talvez um labirinto
Quem sabe um mosteiro
Ou até mesmo meu destino

Pois mesmo que saias da estrada
Será sempre em vão
A estrada não está no chão
E sim onde teu pé maltrata

Então se move
Ou se para
Então se encolhe
Ou se dispara

Há garantia no olho e a promessa do que não pode ser visto

O que existe depois do infinito?
Nada talvez
Mas como pássaro que voa abatido
Contento danço no céu uma última vez

Autoria de Tiago André Vargas
Foto encontrada aqui.

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