Parece
que tudo isto está pronto agora, enquanto confiro o comprimento das minhas
unhas, tortas, como lascas de madeiras subadjacentes nas arestas de uma porta
sempre aberta.
Porém
nunca é rápido o bastante.
Nem
os gnus, nem as árvores empíricas que caem sozinhas, tampouco o movimento gravitacional
de um abraço cortado pelos dias da semana.
É
tudo tão lento.
Quando
sorrimos sozinhos ou choramos em comunhão, sempre moroso, como uma voz emanada
de algum ponto longínquo através de um cano sujo, tão distante e distorcida,
não podemos bater os pés de uma maneira feliz.
Ou
fugir.
Não
saberíamos como e mesmo que, não queremos, justamente pelo inconcebível que
jamais será almejado pois querer é primariamente saber.
Tudo
tão lento, vertiginoso, seguimos mas a vida não mais parece nos acompanhar,
deixá-la então para trás? Se isto for uma súplica suicida não se preocupe, eu
carrego um 0800 sempre comigo, junto com meu telefone sem crédito, no meu bolso
sem forro, ao redor da minha perna tão viva que carrega todo este tronco pouco
musgoso numa espécie de trono, mas sempre, eu digo incansavelmente, tão lento.
Lento
demais.
Lento
o bastante.
O
suficiente para que ISTO alcance tudo.
ISTO
que eu e você agora sentimos.
Mas,
às vezes dobramos alguma esquina e tudo parece ficar bem, uma fuga perfeita.
Não tarda a linha retilínea, o medo, agonia, a busca por outra esquina. Se você ligar, ninguém vai atender. Não há créditos.
Continue
em movimento.
Seja
o que for, seja rápido.
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Nikos Koutoulas.
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