domingo, 8 de junho de 2014

Fungos



Funambulescamente
Desfaço-me da apólice
Que fermenta na certeza

Criadouro de fungos pela alcovitice
Roupa íntima colada na cloaca por presteza
É o suor dos sapatos
Provocando o marca-passo
É o suor das marrecas sapatas
Provocando aviário orgasmo

Almofada voyeur
Na luta proliferada
geladeira X bolor
azedume X esplendor
alvorecer X apodrecer

Deixa levar
Deixa lavar

No descanso
Cafungo
Por ler Confúcio
E amar cafuzo

No trabalho
Cano duplo
Centrifugo
Enxugo
O exu de fungos
Até o quinto dia útil
Na rezaria do molho funghi
O farofeiro só quer descer uma calcinha
Contar mal as mentiras que não iludem

A proliferação é uma concessão
Que uma força impõe à outra
Nunca foi outra coisa
Diz o velho fungo
Olhando cansado
Mas com brio
A dona funga
Que já confusa
Desconhece o nome dos netos
Fungos tão belos
Que de momento
Nadam no leite

Um dia
Farão mal a alguém
Tão donos
De si

Tiago André Vargas
31.05.2014


Imagem de Maggie

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