quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Voragem



Eu olho para o abismo
O abismo olha para mim

Nietzsche foi uma fenda
Quinze anos se passaram
Os anos só passam em dezenas
Nos meus doze teus dois esmiuçaram

Olhos
Com o tempo
Lavei minha inocência
Nas paredes do abismo
Bati-a na incapacidade de amar
Abandonei-a seca na ausência do dever cívico
Morta como uma estrela do mar sobre a bandeira
De areia
Na expansão da nação
O último abraço

Cônjuges
Com julgue
Conjugam
Eu crime
Você castigo
Depois inverte
O precipício
Da pele

Se o vale fechar
Com um beijo
Masturbo o azar
De quem fomos
E quem seremos

Tiago André Vargas

05.02.15


Acervo pessoal. Viagem de moto para Cambará do Sul. Dois dias que pareceram duas vidas.

2 comentários:

  1. Muito bom!

    Olá, Tiago. Tudo bem?
    Não sei se você gosta de responder tags literárias, mas indiquei seu blog numa postagem.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Lizandra! Eu não sei o que é uma tag literária, mas, fica a vontade. haha

      Excluir

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