Eu
arquei com o peso da tua arcada dentária
E
os outros arcos do teu corpo
Lançaram
uma flecha de significado para o alto
Que
furou a perna de uma nuvem gorda
Ela
está agora ao meu lado
Na
fila do plantão vinte e quatro horas
A
nuvem me pergunta se tenho moedas
E
olha com prazer e remorso para a máquina de doces
Faltam
vinte e cinco centavos
Para
comprarmos a pior porcaria que era vendida
Digo
para ela fechar os olhos e pensar em açúcar
Logo
ela toma uma postura nublada
Eu
corto um dos meus dedos
Não
abra os olhos!
Eu
o coloco na sua boca
É
uma bala muito dura
Que
vai demorar muito tempo
Para
derreter
É
açúcar
E
morango virgem
E
outras coisas cítricas
Como
o sangue doce e imbecil
De
um grande inseto com pensamentos doces e imbecis
Ela
sorri
Seu
rosto parece um tempo aberto
E
seus lábios vermelhos
Trovoam
nos olhos do próximo da fila
O
médico
Ao
perceber que esqueceu seu guarda-chuva
Fura
a fila
E
a chama em seguida
Eu
De
saída
No
dever cumprido da minha vida esquecida
Antes
de cruzar a porta
Sou
visto por uma enfermeira
Que
com tédio e zelo
Olha
para o meu dedo
Ou
sua ausência
Perguntando
se eu quero um curativo
Qual
é meu adjetivo preferido
Se
meu olho é esquivo
Se
quando limpo os meus pés o faço de um modo expressivo
E
se meu sangue é positivo
Negativo
Eu
respondo que é lenitivo
Saio
pela porta
Chupo
meu dedo
Ou
sua ausência
Invencível
como um bebê de mil anos
Faço
do meu coração um arco
E
me projeto para o alto
O
significado que você nunca alcançou
Acerto
em cheio uma nuvem nunca vista
Uma
tempestade se aproxima
Com
grande calmaria
Do
outro lado do mundo
T. A. Vargas
04.12.2017
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