sexta-feira, 12 de abril de 2013

Nu não há eternidade






O cinzeiro virado
No ar a folha muda
Meu colo desvairado
Incutindo nuvens intrusas

O que eu ofereço?

O céu é puro rescaldo
Ao sul
Com ou sem paraíso
Concreto comprimido
Migro
Mínguo
Ponha um terno e fale do infinito

Homem qualquer em traje ataviado
Oferece febre terçã em troca do salário

Fácil

Como pequenos seres do mar escorrendo no findar da onda pela areia

Mostre-me um homem nu
Oferecendo suas pernas
Dentes
Seu ódio
Desespero
Seu amor mais nobre aflorado nas violetas úmidas da madrugada
Mostre-me um homem através dele
Sem simbologia
Representação
Hemorragia
Ou redenção

Mostre-me um homem

Sincero e só

Só existe beleza na realidade ou na fantasia despretensiosa de credulidade



Tiago André Vargas


Imagem de Luiz Felipe Tavares 

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