Pessoas
não olham para o céu.
Poderia
ser poesia, talvez o seja em linha escorrida. Cabelo em completo desinteresse da
beleza simétrica, na beatitude comprada entre vidros de perfumes tão reduzidos em
fronte o cheiro de cada poro seu.
Pessoas
não olham para o céu.
O
chão no medo de tropeçar. Em frente o anseio de prosseguir. Os lados na
metódica dança frigorífica na repulsiva ideia cosmológica de esbarrar em carne
vestida. Tudo em ordem. Menina com ossos lisos de gata trouxe a desordem e
minha gratidão ignorada foi agarrada pelas pétalas de uma flor com muitas
expressões. Me disse que gostava de olhar para o céu. Enquanto acadêmicos estudam
regras eu chupo sonhos do cotidiano e as letras ordenadas é só uma provocação
de liberdade, o primeiro beijo na boca de caju ou os braços abertos na
bicicleta que voa para o sol.
Engenharia
simples: Sapos mortos; ela tinha medo de ser trocada e mesmo assim olhava para
o céu.
Todos
somos trocados. Promessas, sonhos de tempestade de areia, coágulos,
água oxigenada, comercial ofensivo na mídia impressa, você, eu. Mas, nunca você
e eu. Não existe troca no você e eu. Só troca de você e eu. Trocamos olhos
carentes, corpos latentes, cafuné melado de sonho bom e brincadeiras com a
rainha e o seu cheiro preferido.
Eu
coleciono vida e não a mostro para ninguém.
As
tintas que tirei da tua pele hoje são fortes nos meus olhos, mesmo se no futuro
que não existe elas estejam enfraquecidas como uma poesia distante
de vinhedos ou a descrição de uma tempestade lúgubre, não importará, elas terão
o seu lugar, impassível de troca.
Não
há troca para o vivido.
O
céu é o que nos une.
Sempre
vem o melhor grito quando não adianta gritar.
Chora
céu. Ri céu. Dança céu. Canta Céu.
Foi
pelo vazio lá de cima que eu te envolvi num abraço.
Olha o céu.
Que tal o céu?
Seu céu.
Tiago André Vargas
Imagem de Carlos Henrique Reinesch.
"Foi pelo vazio lá de cima que eu te envolvi num abraço." - saltou pra fora do texto, e colocou todo o resto dos caracteres desse texto no bolso.
ResponderExcluirgostei muito.