Sou
discrepância
Preciso
calar para escutar quem sou
Sou
deselegância
Por
inconstância
E
logo há amor
Se
falo é para me convencer que feliz estou
Se
sou
Pouco
soou
Ressoou
e agora sou
Não
ajo desta maneira quando sou você
Fico
à mercê
Um
esgoto quebrado revelando meu futuro
As
piores previsões
Não
somente táteis maldições
Também
os cadarços da temeridade amarrados por sua mão na madrugada
Para
que triunfe em minha desídia
E
diga que já sabia
Neve
ou geada
Beijo
ou mamada
Ovo
ou gemada
Estou
longe da sua cozinha
Longe
da sua barriga
Das
arestas vazias dos teus dentes de mendiga
Em
fato
Me
surpreenderia lhe ver viva
Mesmo
se batesse na minha cara
Ou
surgisse de madrugada no teto grudada
Escrava,
porca e diabólica amada
Você
é uma foto na parede pregada
Sem
cores e moldura riscada
Apodrecendo
em uma casa abandonada
Fotos
de outro século
Fotos
de outra geração com mesmas discrepâncias
No
fim, todos viramos um retrato de alguém que nunca existiu
Outros
antes
Depois
Para
alguém
Ou
outro
Novamente
tempo e lugar
Não
posso sorrir
Talvez
já não tenha mais cores
Mesmo
assim me corto
Uma
tela não mais vazia
E
ainda sem justificativa
É
pintura
É
mentira
Tanto
mais morta enquanto viva
Creio
que cria
Letargia
Registro
de vida
Não
é vida
E
Não
há saída
Tiago André Vargas
Fotografia de Carolina.
Nossa!!! Muito bom mesmo!!!!
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