Eu
me lembro da luz
Flâmula
Da
grandeza da miúda vela no teu pequeno apartamento
Da
fumaça que morria nos teus cabelos
Devagar
Como
um navio fantasma
Engolfando
a proa no peso da noite
Eu
me lembro
Do
meu nariz
Grande
e atarantado
Procurando
tua raiz
Teu
fumo e teu sumo
Chafurdado
na nuca telúrica
O
arpéu da narina preso ao brio
De
um brinco que você não tirou
Naufragando
O
que tua boca não separou
De
mim
Eu
não me lembro
Do
poema
Que
inscrevi
Nas
tuas costas
Mas
me lembro
Da
tua aflição
Por
não conseguir lê-lo
E
me lembro do ferrão da abelha
Que
fecundou o teu lábio superior
Enquanto
você falava que estávamos em dezembro
Enquanto
você falava que seus braços eram flexíveis
Enquanto
você sonhava sobre mim
Como
se estendesse um cobertor sobre uma cama bagunçada
Que
não precisa ajeitar
Só
precisa ser quente
23.12.2015
Tiago André Vargas
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Fotografia de Tiago André Vargas |
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