Quando
nos disseram que estava amanhecendo
Nós
dois olhamos para cima
Havia
uma grande dificuldade em darmos as mãos
Como
se elas fossem países
Com
profundas desavenças históricas
As
pessoas à nossa volta
Assustados
flamingos
Partiram
E
eu toquei teus dedos tatuados com um gesto de concórdia
Para
que todas as gerações da nossa superfície
Pudessem
viver em paz
Nunca
te disse, mas
Eu
deixei os buracos da persiana abertos
Para
que alguma luz do amanhecer
Pudesse
tocar o seu corpo
Para
que alguma luz do amanhecer
Pudesse
tocar o meu olho
Espinhos
no teu ombro
Um
gato me arranhou aqui
Tocando
O
coração
Pedaços
de som despertos
Produziram
uma leve chuva de cristais em nossa cama
Como
quem quebra uma lâmpada
Agora
Era
preciso se mover com cuidado
Através
dos sonhos
Obrigada
Você
esticava a última vogal
Obrigadaa
A
distância entre os teus olhos comportava um espaço adequado para beijar
Um
beijo sem desejo
Um
beijo em forma de dedo
Cutuque
leve
Na
porta de entrada de alguma percepção
Nessa
mente curiosa
Que
dançava como uma serpente drogada
As
associações possíveis com o meu nome
Sobre
a necessidade de se dar um nome
Ter
um nome
Saltando
rapidamente
Um
bote
No
anonimato de tudo
Ao
contemplar um gato amarelo
Escalando
uma árvore
Ele
se parece com você
Ele
só quer brincar e ver as coisas
Você
sorriu
Sem
jamais saber
Se
aquilo era um elogio
Ou
uma forma educada de
Dizer
adeus
03/02/2018
Tiago André Vargas
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