quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O velho e o chapéu




Hoje é um dia com propósito, como poucos que seguem
Faz tempo, mas me lembro, de quando tinha serventia
Eu nego e cuspo no chão. Útil é algo que eles elegem
Inválido de fato, não quero fazer parte desta alegoria

Portanto nunca fui útil. Talvez quem me aprece discorde
Tantos me queriam, tantos me estimavam e até me invejavam
Mas nunca fui útil. O que eu tive provavelmente foi sorte
Fiel na euforia, na tristeza, através deles me amavam

Solúvel. Com aqueles que andei me tornei e nada sobrou
O tempo passou implacável, quem poderia pará-lo?
Eu o senti. O mundo ao meu redor me esnobou
Por pena me deixaram em algum canto jogado

Envelhecer não é fácil, meu desconhecido
Você percebe todo seu valor ser apagado
Torna-se uma coisa, empecilho, banido
E por fim, revoltante, fui abandonado

Na rua fiquei por um tempo sozinho
Fui encontrado por um cão magro e sujo
Gentilmente este me carregou no caminho
Que levava às mãos de um homem do mundo

Este sorriu para mim. Quanto tempo não via um sorriso
Pegou-me com delicadeza e deu-me um abrigo
Ditoso em ter um lar a simplicidade valorizo
Feliz hoje eu vivo sobre a cabeça deste amigo

Autoria de Tiago André Vargas



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