Passei todo este domingo sozinho
Celebrando a tristeza que um domingo há de ter
Olhei velhas fotos de sorrisos entre amigos
Que afinal não eram tão velhas, pude perceber
Então me lembrei de histórias sem autores
Contatas ao pé do ouvido durante uma infância sem fim
Eram sussurros que falavam de amores
Postas no singular e inventadas para mim
Elas diziam sobre o encontrar, o despertar e o permanecer
Sobre desconhecidos em um elevador sorrindo sem motivo
Sobre o espreguiço compartilhado antes do amanhecer
Sobre o amor como um castigo escolhido e bem vindo
Uma música iniciou suave como orvalho caindo ao chão
Desfiz aquele domingo de mim e desvencilhei-me do tempo
Deslizei pela janela aberta sem controle nem razão
Queria escutar aquela declaração que vestia lamento
Acordei cortado ao meio pelo vento da praia tom de sépia
Pensando algo que poderia escrever para o mar apagar
Talvez estivesse morto, mas despertei da infame apneia
Quando senti teu cheiro dançando junto à brisa do mar
Olhou-me afetuosa segurando meu dedo
Com ele pressionou a areia escrevendo:
Saiba que eu sempre estarei lá por você.
O mar apagou o que estava escrito e nem era preciso
Eu me acordei entre fotos sobre a mesa da cozinha
Abri os olhos e agradeci por todos os próximos domingos
Você do meu lado saiu do quadro virando poesia
Autoria de Tiago André Vargas
Foto encontrada aqui.
3. “A mulher que acreditou na felicidade.”
ResponderExcluirPara B.R.V.
Uma mulher cometeu
um crime, o maior de todos:
– Tola, ela acreditou na felicidade.!
Largou os pais, a família e
a cidade que amava, se largou.
Ela amou mais do que foi amada
por um homem.
Teve dois filhos, um morreu,
o homem que aprendeu a amar
também aprendeu a odiar.
Este homem bebia e batia
nela, logo tudo se perdeu:
seus pais morreram, sua
cidade mudou, a vida se trancara.
Esta mulher morreu num
verão de câncer.