terça-feira, 28 de junho de 2011

Você estará lá por mim



Passei todo este domingo sozinho

Celebrando a tristeza que um domingo há de ter
Olhei velhas fotos de sorrisos entre amigos
Que afinal não eram tão velhas, pude perceber

Então me lembrei de histórias sem autores
Contatas ao pé do ouvido durante uma infância sem fim
Eram sussurros que falavam de amores
Postas no singular e inventadas para mim

Elas diziam sobre o encontrar, o despertar e o permanecer
Sobre desconhecidos em um elevador sorrindo sem motivo
Sobre o espreguiço compartilhado antes do amanhecer
Sobre o amor como um castigo escolhido e bem vindo

Uma música iniciou suave como orvalho caindo ao chão
Desfiz aquele domingo de mim e desvencilhei-me do tempo
Deslizei pela janela aberta sem controle nem razão
Queria escutar aquela declaração que vestia lamento

Acordei cortado ao meio pelo vento da praia tom de sépia
Pensando algo que poderia escrever para o mar apagar
Talvez estivesse morto, mas despertei da infame apneia
Quando senti teu cheiro dançando junto à brisa do mar

Olhou-me afetuosa segurando meu dedo
Com ele pressionou a areia escrevendo:

Saiba que eu sempre estarei lá por você.

O mar apagou o que estava escrito e nem era preciso
Eu me acordei entre fotos sobre a mesa da cozinha
Abri os olhos e agradeci por todos os próximos domingos
Você do meu lado saiu do quadro virando poesia


Autoria de Tiago André Vargas


Foto encontrada aqui.


Um comentário:

  1. 3. “A mulher que acreditou na felicidade.”
    Para B.R.V.

    Uma mulher cometeu
    um crime, o maior de todos:
    – Tola, ela acreditou na felicidade.!
    Largou os pais, a família e
    a cidade que amava, se largou.
    Ela amou mais do que foi amada
    por um homem.
    Teve dois filhos, um morreu,
    o homem que aprendeu a amar
    também aprendeu a odiar.
    Este homem bebia e batia
    nela, logo tudo se perdeu:
    seus pais morreram, sua
    cidade mudou, a vida se trancara.
    Esta mulher morreu num
    verão de câncer.

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