sábado, 12 de maio de 2012

Carbono puro


Os teus olhos podem ver tudo
Os teus olhos refletem mudos
Meus olhos já sem escudos
Meus olhos largos desnudos

E eu preciso

Como a mulher de meia idade carregando o filho cego
Como a mulher de meia idade avisando a cada degrau
Como o homem de meia idade sozinho em cada gesto
Como o homem de meia idade vestido à funeral

Os meus olhos grafite
Rabiscando vida gasta em folha nova
Para que você suscite
Me queime por amor e não por glória

Os teus olhos diamante
Refletem-me quando te vejo
Me percebo
Adiante
Sobre brilhos de inocente arpejo

Existem olhares que indeferem
Ainda os que ferem
Sobre prece
Os outros nada querem
Os riscos
A fuligem
E as máscaras para esconder o bruto
De quem ama o absurdo
Daquele que fere o vagabundo
No fim falso testemunho
O mundo no mundo findo
Numa súplica de vento forte
De quem ama e lança a sorte
Os olhos e os dedos
Para as lágrimas e apertos
O carbono e o diamante
Diferentes por um olhar


Esconda bem fundo dentro de ti
Escolha a quem mostrar
A cinza por cinza suplica
Enquanto os diamantes ficam entrementes
Esperando o extraordinário desabrochar
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Bronson Thurler.

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