Julianna dirige seu corpo esbelto com suavidade, dentro de sua camisola
de seda parecia tão leve que talvez, flutuasse. Sacada larga, vida largada.
Dedos magros e anéis gordos. Uma das mãos leva até a boca o cigarro quente
enquanto a outra toca o corrimão gélido. “Como
eu amo o Eraldo” Ela pensou. Brincou com a fumaça que saía da boca e com
ela seus pensamentos fluíram numa dança descomprometida pela madrugada, noite
negra, camisola negra, quente por dentro, frio por fora. Ou era só uma mulher
fumando na sacada?
Eu nunca pensei em ter
filhos. Mas se tivesse, deveria ter com o Eraldo. Ele é justo. É o tipo de
homem idealizado em todas as novelas do horário nobre, Eraldo está no quórum da teledramaturgia,
sempre como o homem belo e honrado que sofre no início para usufruir no fim. E
todos acham justo, torcem pelo Eraldo. Assim como na vida real, mas... Adoro
esse mas, enquanto a fumaça sai da minha boca e eu penso num sorriso
atravessado nos meus dentes de modelo “Serei eu a mocinha da novela?”
Um gato branco para do seu lado e num gesto inesperado começa a lamber
seu tornozelo tatuado.
Você é exatamente como
seu dono, bichano; egoísta e a toa, mas sabe o que fazer para conseguir o que
quer.
Pegando o gato agora contente em seu colo, fechou a sacada, entrou no
quarto largando-o delicadamente no chão e aconchegou-se na cama espaçosa.
- Já estava com saudades de você.
De olhos dúbios ela disparou:
- Não é com palavras que você me agrada.
Julianna na cama, olhando para cima enquanto Pedro envolve seu pescoço
com beijos sedentos. Julianna olhando para o lado procurando por algum cigarro
enquanto Pedro trabalha. Talvez seja tão bom por ser tão mau.
Eraldo... Você sabia que
eu era problema. Você me quis para poder ter o que se preocupar na sua vida
perfeita. Bem, eu faço minha parte. Sou o melhor problema que você jamais
sonhou em ter.
- Mais para baixo Pedro.
Autoria de Tiago André Vargas
Postado em 25.03.2011
Escrito não se sabe quando
Postado em 25.03.2011
Escrito não se sabe quando
Foto encontrada aqui
ato ou potência? das palavras soltas aos desejos queridos... medo do que pode acontecer ou perigo de nao ser o que se deseja?
ResponderExcluirEscreve de uma forma intrigante.
ResponderExcluirMuito bom.
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