Muitas
pessoas no mesmo lugar, mais próximas do que o habitual. Nem desejo nem
espontaneidade. Chuva.
A
chuva caindo ritmada como dedos de um baixista, errantes na tentativa de
fecundar o solo, batendo de cara no asfalto ou qualquer coisa de cor sóbria,
morta.
Todas
narinas vermelhas puxando indiferentes o vento gélido enquanto aguardam pelo
seu ônibus. Sentindo o perfume da água escoada pela cidade cinza. Como alguém
lavando o peito para limpar uma dor que está no coração.
Um
grande cardume vivo dentro de um enlatado sobre rodas chega e alguns se vão.
Sabe
me dizer se o ônibus da linha 5 já passou?
Acabou
de passar.
Bosta.
Esses
dizeres quebram o silêncio e mais nada. Ninguém diz nada. Sardinhas pulando
dentro do enlatado.
No
canto da parada havia mais espaço, um mendigo de casaco marrom ali estava e ninguém
queria ficar muito perto. Ninguém sabia se o casaco era daquela cor ou se
estava sujo. Ele tinha o mesmo perfume da chuva que caia sobre as caneletas,
mesmo quando não chovia.
O
mendigo exauriu sua respiração, como se um médico invisível tivesse lhe dito
“Expira” e em seguida abriu seu casaco de cor indefinida e sacou uma harmônica.
Correu
seus lábios sobre ela como se estivesse a satisfazer a mulher que mais amou,
fez música e com a chuva se transformou encanto. Todos olharam para ele. Como
se um peixe estranho tivesse surgido em um mar de sardinhas. Ele morde? Não.
Todos voltaram a olhar para o nada esperando o enlatado gigante. O Blues
continuou tocando, a chuva de fundo, e, inexplicavelmente, tudo começou a fazer
um perturbador sentido por ninguém visto.
Sabe
me dizer se o ônibus da linha 6 já passou?
Autoria de Tiago André Vargas
Foto encontrada aqui.
8. “As máscaras...”
ResponderExcluirPara F.R.R e “Separações” publicado em outubro de 2009 pela Editora “Casa do Novo Autor”
Você me ensinou o caminho... Agora estou tirando todas as minhas máscaras.
É por você, é para viver este sentimento...
As máscaras caem, deixe-as cair.
Não temas! – Grito.
Máscara da falsidade... cai.
Máscara da aparência... cai...
Máscara da hipocrisia... cai.
Máscara da morte... cai.
Resta a outra face solar.
Meu rosto, minha alma.
Meus poros.
Estou limpo para você.
Deixe as máscaras caírem.
Segure em minhas mãos...
Juntos.
Caminharemos e venceremos a maior guerra que está por vir!
Permita-se...
Livre, com amor, livre.
Não tenhas medo...!
Grite. Sinta.
Vamos viver.
Venha, fuja.
Se você me ama, vem cá...
Eu largo tudo por você
Pelas forças do amor e
Paixão...
Cai mais uma máscara.
Quebra as máscaras.
Fica sem máscara.
Sou tua verdade. E você é meu destino!
Inspirador Tiago. Parabéns!
ResponderExcluir"O Blues continuou tocando, a chuva de fundo"
Outdoor de Ocasião
Maiquel Oliveira
Será que,aos poucos, deixarei de ser uma cega que vê?
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