sexta-feira, 22 de julho de 2011

Um brinde para quem não pode amar



Felicitações a todos que sofrem por não amar.
Um brinde a todos que possuem o coração oco como uma oca abandonada. A todos que gritam para o próprio peito e escutam um eco!

Oi?!
Oi...
Oi...
Oi...

Um brinde forte o suficiente para quebrarmos nossas taças cheias de simbolismo em homenagem a todos que escutam “Eu te amo” e bóiam na culpa do falso e mecânico “Eu também”.
Cumprimentos regados a socos e pontapés para todos que ficam parados, estáticos, esperando o gordo arcanjo lhe dar uma flechada, ou um raio de paixão que lhe parta e nada, nada acontece.
Um sincero brinde a todos que nasceram com a luz sobre os olhos. A todas as mentes inteligíveis capazes de perceberem a estupidez meta-física do amor. A conclusão fatídica e sem volta.
Sim! Um brinde! Pois se tornar esperto o suficiente para assoprar toda essa neblina cor de rosa chamada amor é se tornar estúpido o suficiente para dizimar a mais completa busca da felicidade e, tudo que sobra, cabe num copo. Saúde.


Autoria de Tiago André Vargas

Foto encontrada aqui.

Um comentário:

  1. 80. “.nada.”
    Para os “desconhecidos”

    Eu não sinto nada. Já que não há nada para sentir.
    Cheguei num ponto onde não sinto nada.
    Nem o bem, nem o mal. Aí, como um pão seco matinal.
    Sou fruto de uma sociedade “polissêmica” e
    doentia..., com dores de cabeça,
    mas ainda bebemos “Coca-Cola” e depois
    tomamos “Aspirina”, e vivemos do depois.
    Nem raiva, não penso no futuro, não acredito
    na questão do tempo e nem do “trânsito” dos verbos.
    Não sinto nada.
    Nem fome e vontade de chorar.
    As paredes perdem a serventia.
    O que eu desejo fica sem nome.
    Das mãos escorrem sangue.
    Mais uma vez não sinto nada.
    Mãos que cortam cebolas, tomates,
    mãos tão sozinhas...
    Ruas sujas.
    Objetos antigos e egípcios.
    Textos sem estética.
    Para que estética?
    Roupas velhas, de uma época onde se acreditava...
    ...orações mortas, tão mortas quanto à vida.
    A mulher pedindo esmolas.
    A criança se prostituindo.
    Os velhos com fraldas, mijados e cagados na cama dos asilos.
    Famílias, ainda existem famílias.
    Sonhos regados a café com leite...
    ...um tempero espanhol...
    Artificialidades.
    E eu aqui.
    Escrevendo sobre tudo que você não quer ler e saber que existe.
    Simples. Para você não sentir nada também.
    E o amor.
    Só Ele ainda não sabe que existe.
    Problemas emocionais e espirituais.
    E assim, continuamos, fingindo e fugindo.
    Você é um ator. Então toma água e vive.
    E este é o último ato.
    Você que é preenchido pelos outros.
    E nunca saberá quem é você.
    Viva ao Carnaval, aliás, é Carnaval, vamos ser mais uma vez quem não somos.
    Assim esqueceremos de uma vez – por todas – quem sempre deveríamos ter sido.

    “Nada começa quando você pensa que começa.”
    Lillian Hellman

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