Eu
tenho dedos
Nem
sempre uma alma
Mas
geralmente, dedos
E
eu gosto de tocar você
Polegar
e saboneteiras
As
pontas em arrasto
Minha
larga mão como arado a entrar pelas raízes do teu cabelo
Gerando
lábios escuros
Olhos
férteis
Levedando
uma alma
Mas
não a minha
Esta
se pendurou em algum cabide enquanto trocava de roupa
Mas
você tem uma alma
Eu
sei disso através dos eternos mesmos pares
De
lábios
De
olhos
Tão
diferentes dos meus
Abissais
Meus
pares são outonais
Nosso
assemelho limita-se aos dedos
Somente
porque você os tem
Talvez
também possas me apertar
Sou
seco e caibo na tua mão
Sou
folha seca que nunca foi ao chão
Apenas
desejo te mostrar o único belo som que faço
Quando
enfiado entre teus dedos me findo despedaçado
Quem nasceu?
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Ren Hui Yoong.
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