Minha
mãe e Kierkegaard, aos seus modos, pensaram o que era ser um bom, ou apenas, um
cristão. Ambos sentiram que algo estava errado: o rapaz, de nome difícil de
escrever, com a dialética e minha mãe através dos joelhos. Minha mãe não tem
bons joelhos. Minha mãe dizia que é preciso se ajoelhar, mas sentia que não o
era, mas eu precisava me ajoelhar, pois preciso era. Eu ainda não li
Kierkegaard. Eu ainda não li minha mãe, apenas a exegese, que é mãe. Minha mãe
diz que é preciso se ajoelhar. Sua pessoa além mar-mãe questiona. O comum
dessas personas é a dor no joelho.
Algum
inglês irá cantar dentro do meu ouvido: você é o único deus que eu preciso.
Eu
fiz a catequese e vi meu melhor amigo escutar, de cabeça baixa, outro menino
blasfemar qualquer coisa sobre Jesus, pregos, homossexualismo, Madalena e
putaria. Na volta eu pegava carona com meu melhor amigo em uma Kombi, ele tinha
vários cães com pulgas, eu levava as pulgas comigo, eu sempre me coçava depois
da catequese, minha mãe podia pensar que eu era um anátema, que eu tinha o
capeta embaixo do couro, mas minha mãe não podia falar que pensava tal coisa, era
como ficar de pé quando todos se ajoelham.
Se
os ingleses não fossem cercados pelo mar, fariam menos músicas. Se o mar não
transladasse da água até qualquer coisa que nos encerra não haveria música.
Dentro da igreja qualquer som fica mais bonito.
Decorei
várias orações, mas foram poucos os olhos que, mirando-os, enterrei minhas
armas e confessei amor. Os ingleses não sabem amar, por isso cantam. Minha mãe
nunca foi pontual. Eu menos. Haverá quanto tempo para dizer que te amo? Time is on my side. Oremos.
Tiago André Vargas
02.08.2015
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Cape cod evening, 1939, Edward Hopper. |
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