quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Feche os olhos. Se abra para mim

Uma vez eu conheci um homem que tinha muito dinheiro e quando este não coube mais em seus bolsos acabou por colocá-lo no banco. Quero te dizer algo mulher triste. Tenho tanto amor em meu peito que preciso livrá-lo de mim, não posso mais carregá-lo comigo. Preciso depositá-lo nos teus lábios.
E se eu te disser que é você?
Durante todas as estações e todos os nevoeiros, as tardes vazias deitadas em uma rede mal posta, o amor disperso e mal aventurado que nos pediram polidamente para sonhar.
Eu sinto querer dizer que é você. Todo meu desejo invertendo a profane pirâmide, recuso o alimento do prato e como do teu corpo envolto em braços, dramático, empurro o sono para o lado e te tenho em uma noite incólume, um momento eternamente registrado.
Me deixe volver as palmas das minhas mãos nos teus delicados ombros e balançar teu mundo. Eu não quero fazer isso por mim.
Eu sou poeta, vivo através de um sonho e sinto-te como se estivéssemos a ter neste exato momento. Uma mão quente a correr pelo teu corpo enquanto as palavras afloram os desditosos corredores da tua mente, eu acabei de viver isso... Isolado e breve, todavia, precioso o bastante para validar uma existência.
Eu te concebi com o coração árido meu amor e te deixei com um jardim flórido que não quero mais cuidar. Existe um buraco nos teus olhos. Existe um vazio no meu discurso.
Eu sei que é você.
Feche os olhos. Se abra para mim.


Autoria do embriagado Tiago André Vargas
Foto encontrada aqui.

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