sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Lírios brancos e as vigas do teu corpo
Neruda
fechou meus olhos
Abriu
minhas narinas
Me
ensinou a palavra certa
Escrita
sobre argila
Como
um belo mercador negociando sua dor
Cheiro
Por
Olor
Incapaz
de parar uma tempestade com meu sorriso de estanho
Mas
de olhos fechados e narinas bem abertas
Abraçando
o aroma do teu corpo
Sentindo
não mais teu cheiro
Estranho
Mas
teus olores
Mantos
Mantos
envoltos na minha sincera caveira
Embriagando
minha têmpora e meus sapatos
É
um tremelico no umbigo
Um
certo embaraço
Cheira
meu corpo
Você
me dizia
Cheira
meu corpo
Sou
feita de lírios e minhas vigas obreiro nenhum criou
Só
teu amor que vem negro
No
meio dessa tempestade desflorei-o
E
vem a tempestade intempestiva
Minha
face tão limpa quanto um telhado de vidro
Sem
fogo
Me
infesta
Tempo
dela
Nada
posso fazer com meus olhos verdes
Tempestade
sem minha metade é um mar de morosidade
Estou
só
Estou
um e meio
Carregando
nas costas uma meia lembrança
Segurando
nas mãos um lírio partido ao meio
De
narinas bem abertas
Pronto
para trocar toda minha dor
Por
um pedaço do olor que brota na tua cor
Toda
vez
Toda
vez
Toda
vez
Que ameaça chover
Tiago André Vargas
Fotografia de Gökçe Dilek.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Não sei nadar
Um
pouco sincero
Demais
na verdade
Respondendo perguntas de gosto duvidoso que cheiram a zinco
Respondendo perguntas de gosto duvidoso que cheiram a zinco
Respondendo
sem saber falar
Por
isso eu escrevo
Nem
por isso na verdade
Esta
é a parte não sincera que torna o texto um pouco sincero
Sinceramente?
Nem esta.
Sincero
eu seria apenas olhando para a água
Uma
lata de cerveja boiando
Pensando
no homem que a largou no rio
Espontâneo
Como
uma pomba defecando
Um
homem que eu poderia odiar
Um
homem que eu não poderia ser
Um
homem que me faria perguntas
Um
homem com cinco citações e sete conselhos
Fórmulas
talvez, não, com fórmulas ele ainda seria casado
Ele
poderia olhar para algo que eu escrevo e dizer
Você tem um bom título
Eu?
Não
sou eu
Mas
para ele é a mesma coisa
Não
é algo que realmente importa
Diferente
de cerveja barata, uma prostituta de dezesseis anos ou um carro vermelho polido
Queria
afogá-lo por dormir enquanto grito meus sonhos
A mãe natureza quase me implorava
Mas
ele tinha dois filhos
Que
ainda não bebiam
Mas
era apenas uma questão de tempo
Por
hora, jogavam as embalagens de suas guloseimas na água
E
eu lá estava
Boiando
entre o lixo
Inabalável
Pensando
no terceiro livro que escreveria
Inabalável
no meio do lixo
Boiando
Pensando
no próximo livro
O homem bebeu sua cerveja
Os filhos comeram seus doces
Sentei-me em pedra com limo
O sol se cansou de iluminar nossa torpitude
Encarregando o rio de carregar nossa vileza
Para algum lugar
Qualquer lugar
Queria ir junto
Lá olhar
Não sei nadar
Mas também não quero largar os meus sonhos na água
Tiago André Vargas
Fotografia de Zbigniew B.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
Mil quatrocentas e trinta e três músicas de amor
Depois
de andar com moscovitas, babar na barba de certo carioca de mente tristonha e
aguçada, quase adoçada pela poesia da vida, seria conveniente esquentar a minha
chaleira que não assovia e beber mais um chá de frutas silvestres que tanto se
assemelham a veneno de rato.
Minha
bebida, talvez. Não, eu já as tenho em demasia.
Desculpe
a inexatidão, mas eu não consigo beijar sem antes provocar um sorriso, ou no
mínimo, uma dúvida.
Sim,
música.
Um
pensamento me ocorreu agora, enquanto esfrego minha língua no lábio queimado,
recorde-se, minha chaleira não assovia e eu não escuto, tampouco atento, sempre
viro os resquícios não evaporados na xícara que queimam para valer.
Como
um beijo sem sorriso.
Ou
uma música desperdiçada.
Voltando
ao pensamento: A arte se gasta? Desgasta? Evapora?
Sim.
Exatamente
sim. Uniforme ao nosso estado de espírito. Da mesma forma que você agora desgosta o sorvete de morango, desiste de tocar piano, desaprende a chorar sozinho sobre
quatorze polegadas, concebe seu amor como algo findado em estado vegetativo.
Então
você a beija de maneira botânica.
Com
delicadeza, suavidade e antipatia. Uma bela música toca, é verdade, mas
é um belo som desperdiçado. Um amor silencioso que precisa de uma trilha e
assim, tornar-se-á um amor suportável, corrijo-me, suportável.
Eu
conheci alguém que me fez querer beijá-la entre gritos suaves e graves sorrisos.
Com
música e sem música, mas, com música.
De
olhos fechados, talvez girando alguns quartos, com o coração ribombado por ela,
pelo sonido, pelos afagos e principalmente, pelo sentimento que transcendia as
paredes do meu corpo e os olhos das sentinelas do tempo.
Eu
percebi que precisava beijar aquela mulher ao som de todas as músicas e de
maneira metódica, gênero a gênero, banda a banda, disco a disco, música a música.
Genuinamente incentivava os compositores a beberem café, chás de rato, mas não
cocaína, precisava de produção! Queria mais músicas, necessitava de mais músicas
para beijar aquela mulher, entre um sonho musical e labioso as três da
madrugada me amedrontava a possibilidade de findarem-se todas as músicas e necessitar-iria
beijar aquela mulher em silêncio.
Talvez
sem música eu perdesse o encanto, ela o perdesse, eu me tornaria uma planta,
quem sabe ela.
Desperdiçado
o nosso amor. Corrijo-me, desperdiçado o nosso.
Seria
a completa ruína.
Haveria
mil quatrocentas e trinta e três músicas completamente destruídas pelo seu
fantasma cavalgando pelo tempo através do passado, enfiand0-se dentro dos
rádios e alto-falantes, putrefazendo qualquer melodia de amor que por eles
poderia ser influída.
Cala
a boca, você me disse.
Colocando
o indicador sobre o meu lábio queimado pelo chá beijou-me em silêncio.
Eu
fiquei em paz.
Havia ainda tantas
músicas, havia ainda você.
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Lea.
sábado, 15 de setembro de 2012
Seja o que for seja rápido
Parece
que tudo isto está pronto agora, enquanto confiro o comprimento das minhas
unhas, tortas, como lascas de madeiras subadjacentes nas arestas de uma porta
sempre aberta.
Porém
nunca é rápido o bastante.
Nem
os gnus, nem as árvores empíricas que caem sozinhas, tampouco o movimento gravitacional
de um abraço cortado pelos dias da semana.
É
tudo tão lento.
Quando
sorrimos sozinhos ou choramos em comunhão, sempre moroso, como uma voz emanada
de algum ponto longínquo através de um cano sujo, tão distante e distorcida,
não podemos bater os pés de uma maneira feliz.
Ou
fugir.
Não
saberíamos como e mesmo que, não queremos, justamente pelo inconcebível que
jamais será almejado pois querer é primariamente saber.
Tudo
tão lento, vertiginoso, seguimos mas a vida não mais parece nos acompanhar,
deixá-la então para trás? Se isto for uma súplica suicida não se preocupe, eu
carrego um 0800 sempre comigo, junto com meu telefone sem crédito, no meu bolso
sem forro, ao redor da minha perna tão viva que carrega todo este tronco pouco
musgoso numa espécie de trono, mas sempre, eu digo incansavelmente, tão lento.
Lento
demais.
Lento
o bastante.
O
suficiente para que ISTO alcance tudo.
ISTO
que eu e você agora sentimos.
Mas,
às vezes dobramos alguma esquina e tudo parece ficar bem, uma fuga perfeita.
Não tarda a linha retilínea, o medo, agonia, a busca por outra esquina. Se você ligar, ninguém vai atender. Não há créditos.
Continue
em movimento.
Seja
o que for, seja rápido.
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Nikos Koutoulas.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Mariposas no Útero - Capa e informações descartáveis
E
agora, o livro não somente tem uma capa, mas tornou-se um livro. Seja lá o que
isso for, é algo palpável, não em minhas mãos, mas nos meus binários sonhos.
Sem contar que existe um inseto pegajoso em sua fronte que por mim não fora
escolhido, mas dado, como um filho, desde sempre amado.
O
intemporal “em breve” está agora mais breve.
Tão
próximo que me é possível algum ar de liberdade, uma desvirtuada sensação de
cumplicidade pela dor e o prazer que tive em escrever este livro, em breve, tão
breve, compartilhada nestes mesmos olhos que agora correm letra por letra
produzindo infinitos significados para esta mensagem destemperada, cheia de
publicitárias promessas eleitorais de alguém que não busca se eleger.
Talvez
renunciar.
Na
verdade, voar.
No
escuro.
Sem
ser visto, apenas sentido, leve e pungente como um bater de asas na sincera
ausência das cores.
Mas,
eu falhei.
Acabei
sendo intenso e repulsivo como um beijo de cólera.
Mais informações. Em.
Breve.
Tiago André Vargas
![]() |
Capa do livro Mariposas no Útero - Tiago André Vargas - Editora Multifoco |
sábado, 1 de setembro de 2012
Aponta-dor quebrado
De
alguma forma desaponto
Não
é meu êxito ou fracasso
É
a expectativa fulgurante germinando em luz contrária
Minha
sombra
Meu
escombro
Meu
escoro
Eu
escorro
Para
as quinas, os rodapés, as caneletas e o teu umbigo
Fujo
dos olhos
Dos
teus e dos meus
Dos
seus e dos nossos
De
alguma forma eu me desaponto
Enquanto
aponto todos a minha volta
Afiados
Prontos
para a tão aclamada guerra
Cuja
qual não mais acredito
Meu
gatilho
Este
dispara flores
Mas
eu torço minha cara
Fingindo
uma constante última bala
Desapontada
mas apontada
Entre
os olhos do inimigo
Igualmente
desapontado
Sem
sombra
Sem
escoro
Não
mais escorro
Os
olhos se fecham
Ninguém
puxará o gatilho
Todos
estão desapontados e tão bem apontados
Não
podem abrir as mãos
Estas
carregam suas cascas, a côdea de madeira ou o próprio brio da vida
Não
é possível um cumprimento
Um
carinho
Dois
carinhos
Nem
mesmo um puxar de gatilho
Punhos
fechados
Compulsório
apontar
Para
os erros de outrem
Para
o próprio vigoroso lápis
Afiado
como uma esgrima
Perfeito
para a caligrafia
Porém
Não
há nada a ser escrito
E
se escrevo
Não
tenho êxito ou fracasso
Agradeçam
ou não
Meu fatídico apontador
quebrado
Autoria de Tiago André Vargas
Imagem de Xeno.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Penas e penas
Não
somos dóceis o bastante para as mamas.
Não
temos clareza sobre este grupo; mamíferos.
Não
jogamos no mesmo time que um humano adiposo, quem dirá de um leão-marinho.
Mas
nós também não jogamos no grupo dos humanos delgados. Homicídios, latrocínios,
fratricídios, infanticídios.
E
no meio do ano costuma sair o dissídio.
E
outros mamíferos esperam com isso diminuir os homicídios, latrocínios,
fratricídios, infanticídios e até os matricídios que eu não incluí na primeira
relação em respeito a minha mãe.
Por
pena na verdade.
Pena
é uma alternativa.
Não
este asqueroso sentimento legitimamente humano criado para justificar a culpa,
falo daquelas que escreveram outrora, das mesmas que não deixam se molhar uma
galinha. Espero que você já tenha molhado uma galinha. Talvez ajude no processo
de sermos humanos.
Na
época que fui humano costumava correr atrás delas. Dava palmadas e gritava
tentando fazê-las voar. Eu queria ver qualquer coisa voar, até mesmo uma
galinha.
E
talvez, se eu tivesse estas penas, as mesmas penas carijós, hoje eu continuaria
sendo humano. Não me exibiria pelos ares em rodopios, nem cantarolaria qualquer
canção para que homem algum me imitasse depois em assovios, mas talvez, se
subisse em algo alto, pudesse voar por alguns segundos, talvez minutos.
Não
sei o quão alto poderia voar, mas lá de cima, sei que perceberia toda insignificância
dos mamíferos e suas mamadeiras, dos seus joelhos vermelhos pela culpa, das
suas vestes neutras, dos seus olhares pragmáticos, dos seus canudos entupidos
pela semente de uma laranja.
Eu
saberia a importância de uma semente de laranja, pois bem lá de cima, é como
tudo se parece.
Mas
nós não temos penas.
O que é uma pena.
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Tracie.
sábado, 4 de agosto de 2012
Salmão em pólvora
![]() |
Você
não pode sentir
Nada
Que
você não queira
Não
seja outro isqueiro esperando que alguém liberte todo fogo que há dentro de
você. Seja um salmão, fiel ao seu propósito.
Tente.
Não
tente.
Seja
um chupim e terceirize seus filhos.
Ainda
há crédito no mercado financeiro.
Escreva
uma carta de amor agora, assine com outro nome e a deixe sobre o banco da
praça. Não ouse aguardar a fim de constatar o destinatário.
O
destino não importa.
Apenas
o remetente e este, você sabe quem é. Ou não?
Eu
entendo.
Seja
então o próprio banco da praça e permita que as pessoas se vão, em vão.
Ou
não.
Mas
lembre-se do salmão.
Ou
não.
Dias
como o de hoje onde não escutei o assombro da vida me trazem otimismo,
principalmente quando abro minha janela e vejo um asfalto aberrante molhado,
como se banho alguém o tivesse dado.
Mas
este é o meu isqueiro.
Pare
de procurar sentido ou comoção nas minhas palavras.
Você
não pode sentir
Nada
Que
você não queira
Autoria de Tiago André Vargas
*Imagem de Allister Charles Christie.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Quando o balde está vazio
O
balde está vazio
Esta
não é uma frase poética
Nem
uma evasiva bélica
É
apenas uma constatação
Com
todo esmero de
Nada
pode ser feito
Não
há a lástima do esvaziar
Nem
a correria do secar
O
balde está vazio
Talvez
nunca estivesse cheio
Talvez
nunca tivesse proveito
Mas
não há passado
Não
há lamento
Não
há presente
Não
há defeito
Meu
feito
Em
efeito
É
olhar para o balde
E
dizer sem palavras para mim mesmo
O
balde está seco
E
geralmente nestas horas, quando o vazio até algo bonito se torna, começa a
chover.
Autoria de Tiago André Vargas
01.08.2012
Fotografia de Mauricio Arrue.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Sobre os caras que tocam violão
Este
texto é estúpido, por dois motivos: Estou cansado e bêbado. E por um terceiro
motivo, que me lembrei somente agora justamente por estar bêbado: Eu sei tocar
violão.
Muitas
pessoas sabem tocar violão. Mas eu sei tocar violão. E o que há demais em tocar
violão? Nada. Mas alguma coisa há em tocar violão.
O
motivo que leva um ser humano, um bípede com demasiados e inúteis pelos sobre o
crânio a chacoalhar seus 206 ossos empunhando um violão é um terreno arenoso,
pegajoso, como mãos de crianças na segunda-série enquanto colam cartolina verde
sobre cartolina amarela.
Eu
não quero falar de ego. Eu não consigo mais escrever sobre. Todos nós somos
egos sobre rodas e o violão para muitos é um óculos novo, mas eu também não
quero falar sobre isso. Deixe-me falar menos do óbvio, que é óbvio, todos
querem aplaudir.
Os
caras, baixos ou altos, magros ou largos, enfiados em camisas negras com
estampas baratas de gravuras diabólicas ou ternos caros e reluzentes chapéus de
blues, todos eles aprenderam tocar violão pelo mesmo motivo: Eles querem tocar
você.
E
eu admiro alguém que procura tocar outrem. Mesmo que seja a única música do Nirvana,
mesmo que seja para a garota errada, mesmo que seja para agradar o pai que
gosta de música ou desagradar o pai que não gosta de música, ou ainda visando se
destacar no culto religioso... Tanto faz. Eu admiro esse cara. Eu admiro
qualquer coisa que possa emitir um som, desde que triste.
Mas
eu não estou bêbado.
Nem
tão cansado assim.
E
por fim, este texto não ficou tão obtuso.
Tudo
isso porque eu não sei tocar violão.
Tudo
isso porque eu desisti de tocar você.
Só
e mudo eu consigo libertar meu som, belo, portanto, triste.
Uma
nota dele está aqui.
Você
pode escutar?
Talvez
eu também tenha mentido sobre tocar você.
Autoria de Tiago André Vargas, que realmente não sabe tocar violão, mas tem um violão em casa.
Fotografia de Heidi.
domingo, 15 de julho de 2012
Baloiçar
Um
avô eterno primeiro melhor amigo disse que tudo nesta vida era para se
balançar.
Havia
um balanço
Uma
terra judiada para se impulsionar
E
algum vento com prazo de validade a tocar no rosto
Alice
segurou as correntes atadas àquela tábua
Sentou-se
E
com vinte dedos se pôs a voar
Havia
um balanço
Alguém
para com quem compartilhar
Somaram-se
dez dedos pelas costelas a lhe empurrar
Um
vento válido com frescor de pêssego
Uma
tarde de hálitos doces escorrendo pela grama
Pois
Alice nunca se engana
Nem
mesmo seus cabelos podem lhe acompanhar
Havia
dois balanços
Alguém
para com quem voar
O
vai e vem da vida
Eras
por baixo estações por cima
Chuva
noturna dedos e língua
Ninguém
queria tocar nas nuvens
Apenas
sorrir em sincronia
Ninguém
queria voar mais alto
Apenas balançar a
vida
Autoria de Tiago André Vargas
Fotografia de Ton Müller.
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