quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A rosa cor sépia

Ninguém combinou
Oito virou quatorze
Tudo continuou
Você não estava longe

Existem dias que eu acordo perfumado
Sem ter tomado qualquer banho ou borrifo
Desperto contemplo você ao meu lado
É aroma que nasce do estado de espírito

Felicito
Alegre
Paspalho
Contente

A declaração mais cafona martela forte minha mente
Não haveria eu ter de algum dia comprar-lhe flores?
Algum homem consegue fugir deste presente?
Imaginei-te segurando-as e afastei tolos temores

Que flor deseja?
Só conheço rosa. Quero uma rosa.
Que cor deseja?
Quero rosa
Rosa é nome de cor, mas rosa flor é branca ou vermelha

Pensei na rosa vermelha
No batom retocado depois do jantar
Você educada pedia licença enquanto afastava a cadeira
Eu sequestro infantil colosso comia da tua beleza
O vestido com medo abraçado a pele tesa
E o sorriso com dentes de quem quer amar

Pensei na rosa branca
Véu e grinalda
Promessas que fiz e ainda não são falhas
Teu olhar fim de tarde repleto de esperança
Os dedos firmes que jamais temem mudança
A plena paz da desfiada navalha
Que jamais corta aquele que a ama

Moço, tenho outra cor aqui comigo. É a última rosa que assim existe.
Que cor seria?
É a cor de sépia.

Eu vi a rosa cor de sépia
Não era uma flor envelhecida
Nem cálida ou fria
Era uma cor amarelada sem enxofre
Era uma flor que nada dizia
Exatamente como eu queria
Pois quem a olhava descrevê-la não podia
Precisamente como eu me sentia
Diante todas tuas cores
Insultando todos meus amores
Inclusive aqueles que nem conhecia

Vou levar esta.
Papel de presente?
Não, obrigado.

Autoria de Tiago André Vargas
Foto encontrada aqui.

Um comentário:

  1. E eu gosto da forma como usas tua sensibilidade. Impressionante a intensidade que destes pro neutro, já que o neutro pode ser preenchido da forma como optarmos, convida a cada leitor preencher sua rosa cor de sépia com as suas lembranças inelegíveis.

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