Não
que ele deixasse o cabelo crescer
Apenas
não mais impedia
Não
que ele houvesse desistido da vida
Precisava
abandonar-se para ser
E
ser, parecia ser a única saída
Que
no fim, se sabia
Tratava-se
de outra entrada
Findaram-se
as portas
Secaram-se
as mágoas
O
polegar ereto na estrada
E
a estrada, parecia ser a única saída
Um
caminhão azul pintando o céu de negro
Fumaça
mais linda nunca foi vista
Parou
e apontou para a caçamba
Fundiu
os olhos íntegros do motorista
Com
dois movimentos entrou na carroceria
E
ali, estava a vida
Entre
pedaços de lenha quase podres
Que
aqueceriam uma menina com luvas de lã
Lambido
por cachorro manso que nunca passou fome
E o vento vaidoso perfumado por maçãs
A
fumaça negra subia
Parecia
estragar algo inteligível
Porém
nome não era posto
Inocência
Os
dedos gastos
Um
espiral negro se desfazendo
E
no fim apenas o cabelo comprido
Dançando
no vento
Em
uma carona sem destino traçando o pensamento
Era
fim de tarde, olhos fechados, cabelos e vento
Isso
bastava
Que lindo, Tiago!
ResponderExcluirÉ possível visualizar a cena e senti-la de modo perfeito.
Um texto cinematográfico!
Abraço.