domingo, 23 de agosto de 2015

Crianças no Itauba



E o tempo que
Éramos
Crianças no Itauba
Distancia-se
Na velocidade das rodas
Tortas bodas as podas coevas
Elas
Só se movem
Porque
Os corais mudam
As cores com a beleza
Dos neurônios que se apagam
Estrelas pequenas
Na constelação de Alzheimer
Ou singelos astros
Que carregam no colo
A coragem
De um grande sentimento
Sem a coragem
De lhe dar um nome
A gota de sangue
Perguntará
Para outra
Gota de sangue
Nós de fato existimos?
O silêncio de um céu negro
Pesará
Mais que todas as plumas
De todas as rapinas
Que já não podem voar
Pois assim
Pensam
E
Se lembram
Se lembram
Se lembram


Tiago André Vargas

23.08.2015


Fotografia de Jovani Cecchin

Ônibus que me levou para a escola, de 96 - 02.

4 comentários:

  1. nossa, quanta história em tão pouco espaço e sem nem precisar ter dito tanta coisa.

    ResponderExcluir
  2. Nostalgia...
    O passado é o pássaro de penas azuis mais bonito que eu já vi.
    Aqui ele está em pleno voo.

    ResponderExcluir

Featured Post

Refri de laranja para quem tem sede de sonhos e outras epifanias que cabem numa fritadeira

“Algumas pessoas só conseguem dormir com algum peso sobre o corpo, eu era assim”. Foi o que eu escutei enquanto adormecia na rodoviá...